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Foto do escritorAndersonn Prestes

Sobre capacidades e campos de algodão



"I am, somehow, less interested in the weight and convolutions of Einstein’s brain than in the near certainty that people of equal talent have lived and died in cotton fields and sweatshops".

S. J. Gould

“Eu tenho, de alguma maneira, menos interesse no peso e convoluções do cérebro de Einstein do que na quase certeza de que pessoas de igual talento tenham vivido e morrido em campos de algodão e na fabricação de roupas". (Minha tradução)

Ontem procurava alguma coisa pra ler na internet, então caí nessa citação. Lendo mais o blog verão que eu gosto desse autor.

Eu acho o que está escrito bastante interessante. Desmitifica um pouco o nosso senso de procura de um gênio salvador e intocável. Aquele modelo de alguém inalcançável. Acredito muito nos chamados heróis anônimos. Aquelas pessoas de muitos talentos escondidas pela poeira do cotidiano. Guerreiros, matemáticos, escritores, músicos, esportistas...

Penso que as pessoas são diferentes. Temos uma bagagem genética que aliada a cultura vivenciada produz o que somos, que aprenderá, que poderá mudar e se refazer de acordo com as voltas que a vida impõe e oferece. Somos cheios de talentos e capacidades, provavelmente intrinsecamente diferentes. A verdade é que somos seres criativos por si só.

Esse é apenas um dos motivos de o porquê que oportunidade e educação deveriam ser universais. (E porque às vezes penso que nosso sistema de trabalho é um pouco falido). Quantos daqueles poderiam atingir o ápice de sua capacidade. Capacidade quase que certamente única, servindo para um aumento da diversidade de talentos, de oportunidades, de educação – em um feedback positivo de coisas boas.

A contribuição para um mundo melhor e, até mesmo, a ajuda para definir o que seria esse mundo melhor.

A vida, cheia de voltas, encontros e desencontros, e talentos.

Alguém poderia dizer que aqueles com alguma afinidade com física e na descrição do mundo natural, os quais estariam trabalhando nos campos de algodão, seriam um desperdício para a sociedade devido suas capacidades. Também não sei se seria o caso. Talvez devêssemos ir com mais calma. Talvez aquela pessoa se satisfaça com seu trabalho. Sinta-se feliz e satisfeito em viver no campo, com a família, admirando as estrelas e a astronomia. Com uns tantos livros e alguns cachorros.

Mas sinceramente não sei direito o que pensar. Tenho um ponto de tensão aqui. Mas a verdade é que vivemos de acordo com a vida. E precisamos pensar bem o que fazer dela, porque um dia ela acaba.

Mas ainda espero que o mundo trabalhe mais em potencializar nossas capacidades e talentos, nem que seja para ter uma vida sossegada no campo com livros e cachorros.


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