Tenho feito música. Faz um tempo que faço música. Mas comecei a tentar cantar. Cantar aqui e acolá. Lalala. No começo saía meio falada, sussurrada, com medo. Aos poucos foi soltando. Quando estou sozinho é melhor. Fecho a janela do quarto. Penso que todos os decibéis serão contidos. E canto. Com medo de que a Rebeca escute. (meu cachorro) – vá que ela pare de comer.
Mas estou sendo muito duro comigo mesmo. Na ”Se gostarmos daqui” tento até ir um pouco mais, brinco com a voz, no ah ah uh. Brinco com a sorte também, quando falo que não tenho dinheiro, o que é verdade, mas que no fim nós até podemos ficar aqui, se gostarmos. Apesar de não saber bem quem e nem bem onde. Mas o que vale é a intenção poética.
É engraçado quando escrevo. Às vezes aqui no blog ou quando escrevo música - apesar de que não tenho muito experiência com música - as palavras parecem que vão e vem, saem, sem muita notícia. Acho que o meu terapeuta poderia ajudar. Deve ter alguma coisa a ver com o inconsciente. Essas coisas que ficam guardadas e que precisam de um quarto calmo e iluminado para poder se expressar.
Eu geralmente até tenho uma ideia do que vou escrever (principalmente falando de música). Daí deixo alguns pensamentos aparecerem e completarem as frases, que vão se juntando para tentar imprimir algum ritmo, ter alguma dinâmica, para fazer algum sentido, e depois juntar com as notas.
É bom poder gravar música em casa, mesmo que desse jeito amador. Acho que quando resolver a parte do dinheiro vou montar um estúdio bom, com uma boa infra-estrutura. Chamar uns amigos e fazer aquela música, aquela que sai de dentro.
Viver de música ainda é uma utopia. Sei que tenho talento para algumas coisas. Mas não me vejo tão talentoso quanto aqueles que vivem de música. Pelo menos de uma música mais alternativa, que define o músico que compõe. E só me vejo nesse ramo.
Anos atrás, numa espécie de dinâmica de grupo, uma psicóloga falava sobre plano de carreiras. Carreiras que serviriam para determinados tipos de pessoas e personalidades. Aquilo de diagnosticar os pontos fortes e interesses de cada um para definir um caminho a seguir. Não sei se isso já é ultrapassado, mas ela falava em quatro principais eixos de interesses que as pessoas poderiam tomar: ser, saber, ter, poder. Eu nunca esqueci o que ela disse sobre o “ser”, que teria a ver com carreira artística - e música. Acho que faz sentido tentar buscar quem somos através da arte. Eu acho que estaria mais inclinado para o ser e saber, com ciência e música, demonstrando a proximidade dos dois domínios. O poder estaria mais relacionado à política e o ter com o mundo dos negócios. Provavelmente precisaríamos de um balanço entre os eixos para sermos bem sucedidos (em um mundo ideal). O Obama deve escutar música. E o Robert Plant precisa administrar suas contas. Mas enfim, nem sei bem porque entrei nesse tema, não estou em muitas condições de falar sobre carreiras. Acho que foram as Bohemias da geladeira.
Agora fico aqui pensando em quando compor a próxima música. Acabaram as letras e preciso voltar a escrever.