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  • Foto do escritorAndersonn Prestes

O texto do celular estragado


Eu estou sem celular. Estragou. Travou a tela, fica mexendo. Coisa muito estranha. Pensei em levar no centro espírita.

Eu demorei a ter um. Comecei a usar Whatsapp não faz muito. Antes tinha um iPod, que ouvia música e usava alguns apps no wifi. Mas a verdade é que nem tenho muitas conversas, tanto no Whatsapp como no Messenger. Lá, tem um ou outro grupo. O da família, claro, e seus bom dias. O do bairro, com os assaltos, cachorros e bom dias. E o da gurizada (e os bom dias). Ali também tem alguns poucos amigos. No final acaba que não sou uma pessoa tão popular por assim dizer.

De qualquer maneira me senti mais livre hoje sem ele. É estranho. Eu mexi no meu iPod um pouco. Eu liguei o computador. Entrei nas redes e tudo mais.

Mas talvez eu tenha caminhado mais. Também comprei pão, iogurte, erva e dei uma olhadinha na moça do supermercado. Cortei o cabelo. Vi o Seu Jorge no canal da rádio gringa KEXP. Ele estava divulgando um show de versões em português de músicas do David Bowie - tarefa desafiadora.


Assisti a banda Daughter e gostei bastante. Os mágicos engenheiros de som fizeram alguma coisa nessa performance, eu recomendo. O som parece que viaja pela cabeça. Eles fazem uma música bonita, com algumas camadas de instrumentos. É legal o jeito como o som é jogado nos fones, os teclados no fundo, os dedilhados na frente e a voz macia, triste – às vezes sussurrada - dela.


Também trabalhei um pouquinho na minha música nova. Eu li um capítulo de um livro muito legal sobre extinções. Devo escrever sobre ele aqui quando terminar. Uma prosa boa de ler, até engraçada, tratando de uma catástrofe. Ás vezes é bom rir da desgraça. A ironia ajudando a salvar nosso humor. O Sensacionalista tem sido minha maior fonte de notícias sobre política. (Há um bom tempo). Até porque, convenhamos, não tem como falar sério.

Mas enfim, não estou aqui advogando que o celular merece ir embora. Não. Claro que faço essas coisas com o celular. É legal e prático ter um celular.

Penso que um pouco da liberdade de que estou falando vem daquele pouquinho de ansiedade. Daquela mensagem não visualizada. Ou aquela visualizada e não respondida. Ou aquele contato que tu ia fazer. A risada que tu ia esperar. O que o grupo vai dizer. De onde vem o bom dia. Parece inevitável.

Quando o celular está estragado, azar. Simplesmente não tem como.

Mas eu quero o meu de volta, sim. Conexões são importantes e necessárias. É bom trocar mensagens, do contrário não teria tanta gente usando.

Para finalizar, nesse dia sem celular ainda escrevi um post para o blog. Talvez seja bom ficar sem ele de vez em quando, por um momento, e não se agarrar naquelas mensagens e visualizações. Quem sabe?


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