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  • Foto do escritorAndersonn Prestes

O poder e as críticas às redes sociais


Ando mergulhando em alguma literatura renomada. Há pouco tempo li “Os cem anos de solidão” do Gabriel Garcia Márquez. Agora estou lendo “Todos os nomes” de José Saramago. É interessante como contar histórias revela partes da nossa condição humana, demonstrando um entendimento que vai se construindo ao longo das páginas, da vivência que tu já teve, da tua interpretação, não tão objetivamente delineada por fatos estritamente metódicos.

Enfim, tenho tentado me desconectar, nem que seja um pouco, pelo menos das redes - o grupão do whatsapp dos guris eu mantenho porque faz bem.

As redes têm sofrido críticas ultimamente, das quais concordo em algum grau e que já vinha percebendo há algum tempo. Poderia colocar dois links que recomendaria ver e ler para ter uso mais responsável e mindful do dia a dia nas redes sociais.

Mindful no sentido de entender um pouco como os algoritmos funcionam e tentar estar consciente das tuas próprias escolhas ao usar a ferramenta.

No primeiro vídeo o palestrante diz que no centro do funcionamento das redes está a busca por atenção. O tempo é o mestre. Quanto mais tempo gasto rolando o feed, melhor. Mais anúncios serão vistos e clicados, mais dados serão coletados, e etc.

Nós pensamos que somos donos de nós mesmos e detentores de toda razão. Afinal, se quero levantar o braço, eu levanto o braço, simples assim. Mas na verdade nossa mente é muito mais complexa.


O que define o que fazemos e como somos é um somatório de tudo que nos envolve.


A parte mais impulsiva de nosso cérebro, mais conservada ao longo da evolução, é diferente daquela reflexiva, posterior, e que permite o nosso centrado raciocínio. Os mecanismos de recompensa, que nos dão prazer ao receber um like ou uma notificação, por nos sentirmos apreciados, podem ser muito voláteis e viciantes.


O feed é programado de acordo com os nossos dados e feito para nos manter ali, sempre rolando, e esperando o próximo like, a próxima notificação - concentrado nessa parte mais impulsiva de nosso cérebro.


Ainda, olhando o conteúdo disponível no feed, eu desafio qualquer um a dizer que nunca se sentiu desconfortável com algum anúncio ou alguma postagem do feed, que sabendo o que sentias, trouxe algo que te deixasse desconfortável.


No artigo que recomendo a ler, ali em cima, tem uma parte interessante dizendo que estaríamos vivendo em um paternalismo liberal. Como se a inteligência artificial das redes quisesse cuidar de nós, nos manipulando através das postagens e anúncios, dando um falso livre arbítrio levado pelo mar de postagens.


Muitas vezes o Facebook trouxe uma enquete, daquelas para melhorar o serviço. A pergunta era se eu achava que eles, o Facebook, importava-se comigo. Nunca gostei do teor da pergunta. Uma vez respondi e escrevi o que pensava sobre o assunto. Disse que quem tem que se importar comigo são meus familiares e amigos, as pessoas próximas a mim, as quais prezo e confio, e que convivem no meu dia a dia.


As redes deveriam ser neutras quanto aos meus sentimentos e apenas entregar aquilo que eu teria interesse.


A verdade é que bilhões de frágeis mentes (sim, nossas mentes são frágeis) estão expostas diariamente a interpretações de alguém com interesses comerciais - no final, simples e cru, é isso. Às vezes penso que estamos em um grande experimento, baseado em muitos dados, mas que poderiam ter muito mais sabedoria lendo aquela literatura que diz tanto sobre a condição humana.

As redes têm muitos pontos positivos, eu vejo notícias, artigos e músicas os quais gosto, eu divulgo minha música (mesmo que com pouquíssimo alcance orgânico), exponho minha opinião e interajo com pessoas.


Mas temos que tomar muito cuidado com esse nosso precioso órgão. O livre arbítrio e a mente sã devem estar acima de qualquer coisa.

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