Ele acreditava que tudo já havia sido escrito. Para que se dar o trabalho de preencher algumas linhas com aquilo que já estava lá?
O tempo passa, é verdade.
As coisas mudam, também uma verdade.
Mas os problemas continuam. Problemas ou soluções. Coisas mais velhas que a própria escrita, que começou escrevendo aquilo que depois escreveríamos de novo.
Dizer que o novo vem do velho é uma escancarada obviedade. Por isso mesmo o novo é um velho enfeitado.
E pensar em todas aquelas pessoas inteligentes e sábias que dizem que a vida é uma só, que saber é não saber. Estar é não estar. E ser é a maior coisa que cada um pode fazer por si. Ser, sem saber e de uma vez só.
É, talvez ele tenha razão.
Nos confins do início da mais antiga civilização, ou quando ainda colhíamos frutos e corríamos da onça, o sábio já havia pensado: mas não escrito. Para quê? São coisas que não se aprende somente com a leitura e sim com o amanhecer.
Acordei e fui, e serei. Amanhã o dia vai ser diferente e – assim como ser é tão óbvio quanto o tempo – alguém tem que escrever.
Talvez ele escreva.