top of page
Foto do escritorAndersonn Prestes

2024: da música às águas



2024 foi um ano e tanto. Começou com a boa notícia que teria verba para lançar músicas novas. Meu último álbum de inéditas foi “Retrato das Cordas”, lançado em 2021. Havia alguns rabiscos, duas músicas relativamente prontas e bastante trabalho pela frente.

 

Janeiro e Fevereiro foram os meses de composição. Contatar a equipe. Organizar o ano. Em março foi o momento de gravar as faixas. Usei meu homestudio. Tinha um bom microfone (investimento de alguns anos atrás), um computador e uma sala (quarto), ainda que não em condições ideais para gravação, mas cabível para o que propunha fazer. Mandei as faixas em versões incompletas para a designer do projeto gráfico, para desenvolver as capas e outras peças gráficas. As gravações foram enviadas aos produtores. Um de mixagem e edição. Para depois, o da masterização. Todos esses processos são necessários para o áudio soar profissional. É uma fase de escuta. De vai e volta de arquivos de áudio, até decidirmos a estética que queremos no resultado final. Os ajustes foram feitos na primeira música, que serviu de modelo para as outras três. Uma unidade de sonoridade foi pensada, que representasse a sinceridade das músicas.

 

Elas soam quase como se fossem ao vivo. Não houve muito processamento. Essa era a minha ideia. Destacar a mensagem das letras, minha voz, que se desenvolveu nesse último ano. Explorei mais os agudos, os vibratos e falsetes, ficando mais íntimo da minha própria voz. A voz carrega muito sobre uma pessoa e espero que ouvindo a música seja possível sentir que há verdade embutida.

 

Em abril as faixas estavam prontas. Estava satisfeito com o resultado, conseguindo me emocionar na escuta. Fiz um press kit de pré-lançamento. Materiais em um único link para disparar para contatos que poderiam estar interessados. Gente que conheci nas feiras de música, jornalistas, artistas e pessoas da indústria da música.

 

Chegava a hora de planejar o lançamento. Ao final de junho a primeira faixa seria entregue para o público. Infelizmente, houve um percalço no meio do caminho. As enchentes de maio no Rio Grande do Sul afetaram diretamente o trabalho. A casa, o estúdio, o pátio: a água atingiu 2m10cm. Foi um momento muito triste. Planos tiveram que ser rearranjados.

 

Até definir onde ficar e como proceder, o planejamento foi suspenso. Um grande amigo de infância, também músico, cedeu um apartamento para ficarmos até recuperarmos a casa. Uma generosidade imensa, em que sempre serei grato. Houve uma comoção nacional. Amigos cederam mobílias: no meu quarto novo, a cama vem de um, o guarda-roupa de outro, a mesa de trabalho de outro. Um monitor a mais, para conseguir também retomar as aulas de inglês online, que embora não tem sido meu foco, um ou outro aluno sempre ajuda. Houve uma vaquinha, que muita gente contribuiu, onde levantamos uma boa quantia para ajudar na reconstrução.

 

Aos poucos, houve alguns auxílios de emergência. Movimentos culturais se ajudando. Ajudaram a repor o guarda-roupa, suprir algumas necessidades básicas e custos.

 

Depois de estabelecido na nova morada e me recompor de alguma forma, foi a hora de replanejar os lançamentos. Fiquei feliz que já tinha gravado, que já estava com as faixas prontas. Compor nessas condições poderia ser complicado.

 

Depois de algumas roupas legais, foi a hora de marcar o ensaio fotográfico para o marketing. Um dia de muito trabalho. Meu primeiro ensaio fotográfico propriamente dito. Estávamos conversando sobre poses e como fazer, para ver como as coisas poderiam sair mais naturais. Eu ia em algum lugar que o fotógrafo achava legal e fazia o que sei fazer: tocava. Ele registrava. Muitas imagens capturam da forma mais espontânea eu fazendo meu ofício. Teve também as poses, com instrumentos ou sem, quando não estava tocando. Foi um desafio, mas acredito que fizemos um bom trabalho. Foram muitas fotos. Três figurinos com imagens e vídeos que iniciaram pela manhã e foram até a noite.

 

16.08 foi lançada “Encontros”, a primeira das quatro músicas novas. Uma faixa foi lançada por mês, concluindo com “Luz” em 22.11. Era o momento de concentração no marketing, nos textos, na acessibilidade dos posts, na configuração de ads, nas campanhas de feedbacks - na procura de levar as músicas para mais gente.

 

Houve também duas oficinas de composição musical ministradas na Escola Pública de Ensino Médio André Leão Puente, no centro de Canoas. Ocorreu no início de novembro e também parte do projeto. Eu expus conceitos básicos de música para os adolescentes, relacionando emoções com músicas, diferenciando acordes maiores de menores, entre outras coisas. Ao final de cada atividade compusemos uma pequena música juntos.

 

O ano foi chegando ao fim com minha participação na Feira do Livro de Canoas, como parte da Semana da Música de Canoas. Uma conquista ainda em modo incipiente do colegiado de músicos da cidade. Tocamos um show novo, em formato DUO: Eu e o Vinicius Bancke. O show inclui as músicas novas, algumas outras do meu repertório e dois covers. Temos um show pronto agora.

 

2024 teve muitas cicatrizes e o lançamento de uma arte franca - de peito aberto, como diz “Cada Manhã”. Eu sempre gosto de lembrar uma frase de uma cantora chamada Yuna, quando ela diz algo do tipo: ser artista é ser você mesmo, só que multiplicado por 10.

 



Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page