Entramos numa temporada de chuva aqui no sul. Segundo as previsões seriam quase dez dias nublados, com pouca ou muita chuva, acompanhados de um certo frio. O Rio Grande do Sul é um estado úmido, já diriam os problemas respiratórios e as paredes do banheiro. Ainda que tenhamos um clima um tanto quanto incerto ultimamente - com secas prolongadas e ondas de calor intenso e frio.
Escrevi um tempinho atrás em um post que chamei de “O deserto Farroupilha” sobre a dinâmica climática que traz umidade para o sul e uma preocupação sobre as mudanças que andam ocorrendo. Falo dos “rios voadores” vindo da região amazônica e como o desmatamento afeta o balanço climático do continente.
As queimadas e o desmatamento na Amazônia batem recordes diariamente. O (des)ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, havia anunciado a suspensão de todas as operações de combate ao desmatamento ilegal e às queimadas das florestas. Um ato tão absurdo em meio a uma crise ambiental tão severa parece que não será acatado, apesar de demonstrar claramente a posição da pasta.
Eu sigo a página @342amazonia no Instagram. A equipe que administra faz um compilado de notícias e informações sobre o bioma. Tem sido muito triste acompanhar. Não gosto de rolar meu feed com notícias negativas e procuro evitar, mas às vezes me informo sobre a situação.
Há um total desrespeito à natureza e todos os envolvidos com a questão, incluindo os povos indígenas.
Mas uma notícia me causa um certo conforto. Há uma liderança indígena chamada Ailton Krenak, que vem de uma tribo às margens do rio Doce (afetada diretamente pelo desastre da barragem de Mariana). Ailton é um pensador brasileiro que foi muito importante na assembleia constituinte de 1987 por defender os interesses indígenas.
Ele tem sido um dos autores mais lidos atualmente.
O seu pequeno livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, no portal Amazon.com.br, figura número 2 em “Literatura Nacional”, n. 2 “Livros de Ensaios e Correspondências” e n. 1 “Conservação Ciências Ambientais”. Já seu eBook gratuito “O amanhã não está à venda” é o sexto mais baixado na plataforma entre todos os disponíveis gratuitamente. As avaliações são extremamente positivas.
Ailton traz uma visão unificada entre homem e natureza, desafiando o senso atual de humanidade. O rio, a pedra, seriam personificados, seriam como nossos avós, nossos irmãos. Ele alerta sobre a nossa nomenclatura: chamamos de os “recursos” naturais. Como se a natureza estivesse a nosso serviço, quando na verdade ela faz parte de nós. Condena o consumo desenfreado e cita Mujica dizendo que não formamos cidadãos e sim consumidores.
Não vou me alongar na resenha, apenas dizer que gostei dos dois livros, mas creio que um pouco mais do eBook - e obviamente eu recomendo. Há uma visão de mundo necessária e urgente. Estamos sentindo as consequências de nossos atos perante o planeta. É preciso mudança e sinto uma ponta de esperança por ver livros como os de Ailton Krenak sendo lidos por tanta gente.
Assim, diria sem hesitar: leia também.
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