
Eu gosto bastante de cachorros. Gosto de bichos em geral e de plantas, e de pedras, montanhas, água e pudim.Talvez não tanto de pudim, que às vezes tem uma aparência desastrosa quando as “paredes” ficam molengas e caem.
Sou biólogo e não é nenhuma surpresa minha inclinação quanto à natureza.
Um pouco escolhido e escolhendo, acabei me especializando em insetos por muitos anos.
O que sempre me fascinou sobre essas criaturinhas é sua quantidade, tanto em número quanto em forma. A imensa diversidade. Com insetos quase tudo é no superlativo, grandioso, com exceção, talvez, de seu tamanho. 80% de tudo que existe é inseto - das espécies até hoje já descritas. Fazendo um comparativo com o nosso grupo, os mamíferos, existem cerca de 6.000 espécies, enquanto que nos insetos o número passa de 900.000 (!).
É bem mais que a saída de jogo na Arena do Grêmio.
Por serem tantos, adianta-se em primeira mão sua contribuição para a manutenção e conservação do meio ambiente. São presas e predadores, reciclam a matéria orgânica, polinizam as plantas (e por consequência nossos alimentos), parasitam, camuflam-se, atacam, escondem-se, voam e correm, competem e cooperam. Um mundo sem insetos é algo inimaginável.
Estudei particularmente mariposas, que são as borboletas noturnas, também chamadas de bruxas. Entre as borboletas coloridas e diurnas, e as mariposas, geralmente noturnas, mora um mistério, uma informação não tão conhecida. Em comparação, a esmagadora maioria desses bichinhos é mariposa. Mais de 90%. E o mistério não segue apenas na informação. Por serem noturnas e não tão conhecidas de modo geral, também são pouco estudadas.
O primeiro grupo que estudei é chamado de Saturniidae. Elas são conhecidas como mariposas imperiais. São grandes, coloridas, com aspecto forte e desafiador. Tenho um certo apreço por elas. No meio acadêmico e entre os estudiosos amadores, elas são populares. Seriam, talvez, a Ivete Sangalo das mariposas, com certo carisma e personalidade aflorada. Porta-vozes.
Tenho dois artigos sobre esses bichos fantásticos, que resultaram de meu trabalho na PUCRS, durante a graduação. São sobre nossa fauna gaúcha. Mariposas de bombacha e chimarrão.
Como uma imagem pode valer mais do que palavras vou colar duas aqui:

(Rothschildia hopfferi. São Francisco de Paula, Pró-Mata, RS, Janeiro.2010)
Essa é do gênero Rothschildia, também chamadas de mariposa-espelho devido às áreas translúcidas nas asas. São bichos especiais, com diversos ornamentos e linhas, que estudei mais a fundo para diferenciá-las. Neste link tu podes conferir o trabalho que fiz junto a alguns colegas.

(Eacles ducalis. Piratini, RS, Março.2009)
Essa é do gênero Eacles, que são de fato chamadas de imperiais. Entre elas, tem uma espécie com uma auto-estima muito alta, coisa da realeza mesmo - seu nome em latim é Eacles imperialis magnifica. Esse grupo faz parte de um trabalho que tenho muito orgulho de ter escrito (junto a outros autores) e que de certa forma me ajudou a ir estudar no exterior. Aqui o link caso queira dar uma olhadinha. Este está escrito em inglês.
Espero ter despertado um pouco a tua curiosidade e trazido algum conhecimento sobre o particular mundo dos insetos.
Pequenos em tamanho, mas gigantes em todos os aspectos.
Bem instigante ,vou começar a observar esses insetos.
Obrigada por despertar este lado 👏👏