“Debaixo da lamparina, com frio pra car@# (…)”
Faz mais de um ano que eu venho desbravando o interior do Rio Grande do Sul com um grupo de amigos. Geralmente a gente faz uma trip por mês, que são regadas a cerveja, mosquitos e as mais belas paisagens no raio de até 3 horas de distância da capital. Antes de escrever não fui conferir quais os lugares já fomos, quantos km percorremos e qual a queda de água mais alta que vimos – ou a mais fria. Mas alguma informação mais detalhada existe e anda perdida em alguns dos eventos (Temos uma espécie de cientista de dados no grupo, que inclusive fez uma tabela de quanto álcool podemos beber sem dar game over [que de vez em nunca é cumprida]).
Normalmente a gente acampa, enche o colchão de ar, acende a fogueira e assa uma carne. Se está frio rola um vinhão, casaco e cobertor. Se está quente é só a cerveja estalando de gelada. A escolha do lugar muitas vezes é peculiar. Certa vez a gente foi para Sério porque era uma cidade boa de fazer trocadilhos, sério. Sério é uma cidade de piadas espirituosas, com carne boa, mosquitos borrachudos e uma cascatinha a 5 metros da barraca. Foi uma trip legal (é quase redundante dizer isso). Teve uma outra com nome interessante, Travesseiro. Mas essa não foi o nome. Foi porque parecia legal. O rio tinha uma ponte em seguida, com águas rasas, pedras redondas, cadeiras de praia e coolers de cerveja. No segundo dia ventou forte e fomos embora.
Teve Nova Bréscia também com muito frio. Um de nós não levou cobertor e arrecadou todos os casacos em volta para conseguir dormir. Rolou até um gaiteiro local que acabou tomando uma ruim de vodka ou whisky. No outro dia a gente fez uma trilha de 5 horas, de ressaca, beirando penhascos e abaixo de chuva. Teve até descida de mini rapel e gente escorregando nas pedras. Com certeza foi a prova de que bêbados tem anjos da guarda. No final de tudo chegou um carreteiro inesperado que reviveu a gurizada.
No litoral a gente vai para Santa Teresinha, uma praia de duas ruas que pertence a Imbé. A gurizada vai lá desde sempre, na pousada do tio Mário que tem um nome impronunciável. Numa dessas, a gente compôs o grande clássico moderno de samba do anos 90 – a música da lamparina. Eu estava com o ukulele, fazia uns 10 graus (aham, a gente vai no litoral no inverno), um incêndio de fogueira na beira da praia, cerveja e um poste de luz. Esses eram os ingredientes. Então, depois de duas notas começou: “debaixo da lamparina/ com frio pra car@#/sempre fico com frio/na falta de um agasalho/ le rere rere le rere rere”. O resto da noite foi lamparina e o outro clássico que surgiu: “Bard acendendo a fogueira”, que eu esqueci como faz no ukulele.
Na cidade de Rolante teve replay. Realmente é muito legal e fomos duas vezes. Lá tem várias cachoeiras e o camping é bem organizado.
Poderia continuar contando histórias, falando de vistas e bobagens. Ainda foram muitas outras trips em um grande clima de amizade. Todos que vão são bem vindos e em uma noite todas as piadas internas já foram reveladas. É uma espécie de recarga para esse cotidiano que às vezes é difícil. O gasto é mínimo e a diversão garantida.
Eu recomendo pegar teus amigos e amigas e fazer uma trip da gurizada - ou se juntar a nós.