Eu li um livro bastante interessante umas semanas atrás. Seu nome é “O apelo do Dalai Lama ao mundo: a ética é mais importante que a religião”. Na primeira parte suas ideias são dispostas de maneira sequencial e na segunda parte é transcrita uma entrevista. É uma leve e divertida leitura. Não raro bate uma vontade de entrar na livro, sentar numa poltrona ao lado de Sua Santidade e dar-lhe um abraço.
No meu entender há duas grandes mensagens ditas pelo sábio velhinho, que são importantes e complementares.
A primeira está relacionada diretamente com o título do livro. Quando diz que a ética é mais importante que a religião, Dalai Lama relata que somos seres morais. É inerente a nossa espécie os princípios éticos que devemos desenvolver para viver em sociedade. Como biólogo entendo perfeitamente. O senso de justiça é algo que precede o aparecimento das religiões. Inclusive outros primatas que vivem em grupos também demonstram senso de justiça.
A ética seria um traço de coesão social, extremamente necessário para a nossa vida em grupos, tribos, cidades, nações e assim por diante.
A religião é uma abstração humana. Não estou entrando no mérito se ela existe ou não, se devemos ou não acreditar, estou apenas demonstrando que no meio natural somos a única espécie que “inventou” esse aspecto cultural. O peixe, por exemplo, nunca reza, e nem por isso deixa de viver sua vida de peixe, plena e absoluta.
Dalai Lama fala da intolerância religiosa e como demagogos levantam a bandeira sagrada para espalhar violência e defender interesses escusos. Ele diz que o ponto comum de todas as religiões é o amor, mas que por muitas vezes é corrompido. Assim, ele diz que a religião pode sim ser ruim e que a ética humana está acima de todas as religiões.
A segunda mensagem amplia essa visão humanista. Com a serenidade e sabedoria de um grande pensador, Dalai Lama diz que somos inerentemente bons. Não apenas buscamos justiça, buscamos também bondade. Somos violentos, amargos, negativos quando não temos nossos problemas internos bem resolvidos.
A plenitude da vida humana é boa.
A escola budista da meditação é uma ferramenta de autoconhecimento. De sentir e reconhecer. De despirmos de nossas fraquezas. Estar presente. Nos sentirmos bem com nós mesmos, nos entendermos, e por isso percebermos a realidade de forma mais clara.
O livro não tem absolutamente nada de pregação ou defesa ao budismo, Dalai Lama faz um apelo à paz e a uma ética secular que una a humanidade.
São palavras cheias de ternura e sabedoria. Nos dão esperança de ainda acreditar no Homo sapiens e que lá no fundo só estamos perdidos, mas podemos nos achar.
*O eBook está disponível gratuitamente no site da Amazon.
Comments