Aqui estou, entre a briga da vontade e a motivação.
Já não sei bem o que faço ou o que leio.
Viver é uma arte tão profunda. O ócio tão pegajoso.
Um gole de chimarrão, o lápis...
Ouço Miles Davis, o mestre do trompete.
Instrumento sagaz, ágil, curto. Notas soprantes e chamegantes.
Parecem um convite agudo, pretensioso, soprano.
Criação. Devo criar. Mas o quê?
O futuro me aguarda com o presente.
Escrevo com letra de forma, emendado, crescente.
Acabou o chimarrão.
Alguém desligou o chuveiro e é nessa prosa livre que me vejo.
Rimas não são tão importantes quando sei que o que escrevo não é poesia, apenas desleixo.
Sons se misturam - a TV da sala, a beleza do jazz, o barulho da máquina. Nada termina, tudo liga, desliga, acende, apaga.
Oh, Deuses dos mares, trazei a satisfação que tantos buscam!
Nunca fiquei com a metade, sempre quis o inteiro. É pedir tanto, por todos os anos vindouros.
Pensei em não entender uma nota rasgada pelo meio ou o nobre animal sem dedos.
Por isso quero tudo, inteiro. De todo modo, creio.
Ainda que sem jeito e sem saber direito.
Quero inteiro, ou melhor, inteira. A parte toda. Sem rodeios ou devaneios.
A folha está acabando, gostei do enredo. Agora, cruzai os dedos.
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