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Foto do escritorAndersonn Prestes

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Aqui estou, entre a briga da vontade e a motivação.

Já não sei bem o que faço ou o que leio.

Viver é uma arte tão profunda. O ócio tão pegajoso.

Um gole de chimarrão, o lápis...

Ouço Miles Davis, o mestre do trompete.

Instrumento sagaz, ágil, curto. Notas soprantes e chamegantes.

Parecem um convite agudo, pretensioso, soprano.

Criação. Devo criar. Mas o quê?

O futuro me aguarda com o presente.

Escrevo com letra de forma, emendado, crescente.

Acabou o chimarrão.

Alguém desligou o chuveiro e é nessa prosa livre que me vejo.

Rimas não são tão importantes quando sei que o que escrevo não é poesia, apenas desleixo.

Sons se misturam - a TV da sala, a beleza do jazz, o barulho da máquina. Nada termina, tudo liga, desliga, acende, apaga.

Oh, Deuses dos mares, trazei a satisfação que tantos buscam!

Nunca fiquei com a metade, sempre quis o inteiro. É pedir tanto, por todos os anos vindouros.

Pensei em não entender uma nota rasgada pelo meio ou o nobre animal sem dedos.

Por isso quero tudo, inteiro. De todo modo, creio.

Ainda que sem jeito e sem saber direito.

Quero inteiro, ou melhor, inteira. A parte toda. Sem rodeios ou devaneios.

A folha está acabando, gostei do enredo. Agora, cruzai os dedos.

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