Eu tenho uma música nova pronta para ser lançada. Escrevi ela em fevereiro e um tempinho depois fiz o arranjo. Dentro de um planejamento, também financeiro, esse mês conversei com o produtor que tem me acompanhado e finalizamos a música.
Eu gravei tudo em casa, até por conta da pandemia, e ele mixou e masterizou, que são coisas técnicas que deixam a gravação mais profissional. Sabe quando estamos com o fone de ouvido e parece que a música tem algumas dimensões e camadas, soa limpinha, com alguns instrumentos de um lado, outros de outro. Os sons, seja dos instrumentos ou das vozes, têm diferentes frequências no espectro sonoro e é função também do produtor trabalhar para fazer tudo soar harmonioso e completo. Ele de certa forma amplifica a intenção do artista ou até significa a intenção da música em si.
O nome da faixa é “Aonde vamos?”, que vai se somar ao meu trabalho distribuído digitalmente muito em breve. É uma música de protesto - como o questionamento do título sugere. É minha primeira música mais agressiva em que expresso um descontentamento de forma direta. Pelo menos foi minha intenção na letra e interpretação quando cantei.
Minhas músicas sempre tentam transmitir uma sensação de tranquilidade, paz, talvez até entendimento. Em “Aonde vamos?” não há um grande desvio dessas características. A faixa segue meu estilo, sendo acústica em essência. Mas ainda assim é mais nervosa. Ela está posicionada, relatando as inconformidades as quais penso estarem acontecendo.
É importante o artista se posicionar, ainda mais nos tempos atuais, onde praticamente todo dia somos surpreendidos com uma barbaridade diferente. O que já nem é surpresa. Quando escrevi a letra pensei no aquecimento global, em nossa relação com o meio ambiente, e como uma crise estaria batendo a nossa porta.
Um mês depois veio a pandemia, que se justifica como uma consequência de nosso relacionamento com a natureza e os animais silvestres. A letra acabou soando quase profética.
Vejo a classe artística se mobilizando e acho muito legal. Grandes artistas são formadores de opinião; pensadores e poetas das realidades. Muitos também defendem as causas ambientais.
A defesa da saúde e integridade da nossa casa, o planeta Terra.
É triste também o que tem acontecido com os índios, os povos originários da América. A covid-19 está se disseminando de maneira mais devastadora nas diferentes etnias. Desassistidos, as pessoas estão morrendo. Os anciões têm uma grande importância na estrutura e organização da cultura indígena.
Na letra da música eu falo em cura, em ódio, pesquisa. Em mentira, consequência e descaso.
Aonde eu vou? Aonde vamos? O futuro só é presente enquanto vivido, mas infelizmente o prognóstico não é muito bom.
Assim, espero que quando a música chegar, goste mais dela do que a realidade que a cerca.
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