O humor é algo que faz parte da gente. Às vezes estamos de bom humor, às vezes de mau humor. Para ajudar, tem o humorista, um tipo de terapeuta do humor, que tenta alegrar-nos. Claro que ele pertence à categoria do entretenimento e um profissional da saúde deve ser indicado para tratar qualquer problema sério de humor.
O fato é que é bom rir.
Seja internamente, de satisfação, quando contamos a piada bem recebida, ou quando gargalhamos da piada contada. Não parece ter nada tão óbvio do que realmente será engraçado. Digo uma metodologia rígida e matemática da comédia, mesmo sabendo que existam técnicas eficazes. A melhor piada do mundo contada pelo melhor comediante de todos ainda pode ser menos engraçada do que aquela piada interna do teu grupo de amigos. O senso de humor é, de certa forma, algo bem pessoal, que também depende de momento e circunstância. Eu gosto do sarcasmo e das bobagens sem nexo, que são tão “idiotas” que nos fazem rir. Esses dias apareceu um vídeo no grupo do whatsapp. Uma senhorinha simplesmente não conseguia contar a piada de tanto que ria. Era uma piada extremamente simples. O nome da pessoa era “João Bosta”. Daí João, triste com o nome, queria trocar. Ele chega no cartório e diz seu nome. O funcionário comovido com a situação diz: claro, pode trocar sim, qual o nome o senhor gostaria? Ele responde: Pedro Bosta. (haha)
O brasileiro é engraçado. Uma máquina de memes. Gosto de muitos também pelo caráter de denúncia e humor ácido. A comédia com esse viés social é importante para a sociedade. Acaba expondo e colocando em debate determinada situação. Além de muitas vezes atenuar a enxurrada de notícias negativas.
Rir dos problemas pode ajudar a superá-los e diminuir a amargura. Precisamos nos manter equilibrados para enfrentar o cotidiano. Um clássico desse tipo de comédia é “Tempos Modernos” do Charles Chaplin. As cenas na fábrica, quando ele tem um tilt nervoso, devido ao trabalho desumano e repetitivo, são muito engraçadas – eu acho.
É interessante pessoas introspectivas com senso de humor engraçado, como o Luis Fernando Veríssimo, por exemplo. Dou muita risada de suas crônicas, mas não o vejo fazendo um show de stand up performático. Acredito que deve haver muitos outros escritores com características semelhantes.
Mas a comédia também pode ter seu lado ruim. Ou no mínimo polêmico. O bullying, ou quando tentamos desqualificar alguém de forma a atingir negativamente essa pessoa, disfarçado de risadas, não é algo saudável. E isso também pode se estender para etnia, cor de pele ou opção sexual de uma maneira mais ampla, por exemplo.
Alguns defendem a “liberdade” do humor, de que quando a brincadeira está explícita, de fato é “apenas” uma piada, não haveria ofensas direcionadas.
Realmente não tenho uma resposta definitiva para o assunto.
Talvez possamos fazer mesmo qualquer piada, quando é uma piada, em um ambiente de humor. O problema estaria na distorção desse ambiente onde muitas coisas poderiam ser encaradas como piada (e tornarmos a dizer “eu só estava brincando” após a ofensa mascarada) - um efeito social colateral poderia ser a normalização ou reforço de estereótipos muitas vezes injustos e discriminatórios. A piada apenas projetaria a negatividade e até mesmo o ódio.
Mas enfim, acho que em um ambiente fechado, realmente explícito quanto ao teor do humor, onde as brincadeiras são mútuas entre os participantes, que se respeitam, e acabam desenvolvendo seu humor particular, talvez cheguemos ao mais perto de um humor mais flexível sem influência social direta.
O clima acabou ficando um pouco pesado. O texto sobre piadas acabou refletindo o poder do humor.
No final, a verdade é que há poucas coisas melhores do que rir com os amigos. Seja pessoalmente ou virtualmente, como nos tempos atuais.
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