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O fomento à cultura

Foto do escritor: Andersonn PrestesAndersonn Prestes

Foto meramente ilustrativa. Créditos: Paulatte Wooten.
Foto meramente ilustrativa. Créditos: Paulatte Wooten.

O fomento à cultura é de suma importância para o desenvolvimento econômico, social e identitário de uma região.

 

Econômico porque gera emprego e renda, em atividades que comprovadamente refletem no aumento da saúde financeira local e nacional. Tomando o Produto Interno Bruto (PIB) como base, segundo levantamento do Observatório Itaú Cultural, a Cultura representou 3,11% do PIB em 2020, superando o setor automotivo (2,1%) e ficando um pouco abaixo da construção civil (4,06%).

 

Socialmente, a cultura passa a ser um fazer valorizado, que traz diversos benefícios àqueles que entram em contato com a arte e a criatividade. Seja no desenvolvimento da cidadania, da percepção de seus arredores, da humanização de suas experiências, no sentimento de bem-estar e auxílio na superação de dificuldades: a arte funciona como uma base social.

 

Finalmente, identitário no sentido de que a arte feita em determinada região traz a sua assinatura. É um bem cultural e criativo que funciona como um carimbo. Localmente identifica e proporciona a expressão daqueles que ali convivem. A arte conforta e confronta. Se as paisagens, as casas e prédios poderiam indicar a aparência de um município, sua arte demonstra sua interioridade - ou sua alma. Que deve ser extrapolada para o estado, o país e assim por diante.

 

Um dos meios de fomento à cultura é por meio de editais públicos. Muitos desses editais chegam até uma cultura de base, alcançando a “ponta” dos fazedores de cultura: aqueles produtores independentes que muito fazem e pouco são vistos.

Projetos criativos são submetidos a rigorosa análise para serem executados em prol da comunidade. Fazedores de cultura propõem atividades e produtos culturais a serem viabilizados em um intervalo de tempo. São produtos como músicas inéditas, oficinas, peças de teatro, eventos, livros, material audiovisual, entre uma infinidade de propostas ricas em bens culturais.

 

Venho relatar um breve testemunho pessoal, de valorização da cultura do artista/produtor que aqui escreve. Fui fortemente atingido pelas enchentes de maio no município de Canoas. Na casa, as águas atingiram 2m10cm e ali ficaram por cerca de um mês. Tudo foi perdido. Meu violão de trabalho, caixa multiuso, microfones de gravação: todo meu local de trabalho foi diminuído a paredes úmidas.

 

Em uma conquista histórica da classe cultural nacional, houve a implementação da PNAB: Política Nacional Aldir Blanc. A PNAB seria uma espécie de SUS para a cultura do país, garantindo verba descentralizada e que chegasse na “ponta” daqueles que fazem a diferença, ainda que não com tantos holofotes. Aldir Blanc foi um compositor, ofício que também me denomino, de muito talento e recebeu essa merecida homenagem. O fomento prevê continuidade anual, não sendo apenas uma faísca momentânea, e sim uma política perene.

 

Eu já venho trilhando um caminho na produção e execução de projetos culturais na cidade de Canoas. Com muita alegria fui contemplado pela PNAB em 2024 junto a muitos colegas. Meu projeto tem duas frentes bem definidas: a gravação de uma performance ao vivo em vídeo; palestra/oficina sobre arte em escola de ensino médio público. Um bem cultural permanente (performance ao vivo gravada) e um bem cultural educativo e formativo (oficina/palestra em escola).

 

No orçamento e em minha descrição do projeto, foi levado em consideração às enchentes de maio. Com a verba consegui reaver boa parte dos equipamentos perdidos, podendo me reestruturar para desempenhar meu ofício. Instrumentos e materiais musicais em geral são caros. São anos de investimento para conseguir ter algo de qualidade - o que faz muita diferença na profissionalização.

 

Fiquei muito feliz em adquirir um novo violão, ainda melhor do que o que eu tinha anteriormente, assim como a caixa multiuso, pedestal e outros equipamentos. Me sinto motivado para executar o projeto, que está em andamento, durante esse ano de 2025.

 

A casa teve que ser praticamente reconstruída, ressurgindo dos escombros. A sua aparência está bonita. E agora, com a valorização da cultura, voltou a ter a alma de meus acordes no violão.

 

Que o senso comum acredite na arte em todas suas possibilidades, trazendo conforto e consideração.



1件のコメント


Raquel Durigon
Raquel Durigon
há 6 dias

Que lindo depoimento de quanto a cultura reconstrói o perdido e traz um novo imaginário de identidade da cidade, além de trabalho e renda.

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